O primeiro passo para se solucionar qualquer problema é compreendê-lo com clareza, identificando com precisão a sua causa. Em seguida, elimina-se a causa e cessa-se o efeito, com o problema solucionado. Simples, não?
Nesta série de artigos procurarei abordar as principais causas da obesidade, bem como os motivos pelos quais ela está cada vez mais presente em nossas vidas, em nossos amigos, em nossa família e em nossa sociedade como um todo.
Embora bastante comum nos tempos “modernos”, a obesidade era bastante rara há algumas décadas atrás, apesar de que as dietas alimentares serem mais ricas em carnes de origem animal e gorduras.
Nas últimas décadas, porém, as ocorrências de obesidade têm aumentado significativamente no mundo todo, sobretudo nos países mais “desenvolvidos” e já afeta boa parte da população, incluindo a infantil.
Da mesma forma tem crescido a incidência de doenças cardio-vasculares e coronarianas, bem como a diabetes, quadros estes frequentemente associados à obesidade.
Isto levou as comunidades acadêmica, médica e científica a realizarem inúmeros estudos para identificar as causas da obesidade e procurar sua “cura”.
A idéia predominante era que se reduzissemos a obesidade entre as pessoas, também as ocorrências das doenças relacionadas diminuiria.
Boa parte das “pesquisas” identificou que as pessoas engordavam simplesmente porque ingeriam mais alimento do que seu corpo necessitava. Entretanto, esta constatação era muito superficial e somente explicava uma pequena parte dos casos. Afinal de contas, nem toda pessoa obesa come como um glutão.
Pesquisas mais aprofundadas constataram que a obesidade somente ocorria quando a energia gasta pela pessoa era menor que a energia ingerida pela mesma na forma de alimentos. O excesso de energia era convertido em gordura pelo organismo e armazenado sob a pele, como uma reserva para necessidades futuras. Isto explicava porque a obesidade era raríssima entre os atletas e esportistas, pois seu gasto energético era muito maior.
A partir de então, as associações médicas de todo o mundo passaram a atribuir valores energéticos (medidos em calorias) tanto aos alimentos quanto às atividades físicas em geral e incentivaram as pessoas a consumir alimentos com menor valor calórico e a praticar exercícios regularmente, como forma de prevenir ou combater a obesidade.
Surgiram daí as academias de ginástica, os suplementos alimentares e energéticos, as revistas de FITNESS e as dietas baseadas em valor energético (calorias).
Nesta valorização energética foi observado que alimentos ricos em gorduras possuiam o maior valor energético (quantidade de calorias) e, portanto, deveriam ser evitados. Esta constatação produziu o conceito popular de que alimentos ricos em gorduras fazem mal à saúde e que são eles que causam a obesidade e as doenças supostamente associadas.
Embora sem qualquer embasamento científico, este conceito ganhou fama e foi abraçado inclusive pelos médicos e pela mídia.
A indústria agradeceu. Surgiram os produtos dietéticos e as linhas de produtos LIGHT, obviamente muito mais caros que os ricos em calorias e gorduras. A população em geral passou a crer que tais produtos seriam a chave para emagrecer e manter a boa saúde.
Formou-se o conceito de que uma vida saudável precisava estar associada à prática de esportes e a uma alimentação de baixa caloria, mantendo-se o corpo esbelto e elegante.
Curiosamente, esta “forma saudável” de viver trouxe outros problemas e doenças, uma vez que faltavam certos nutrientes ao organismo, especialmente vitaminas e proteínas. Surgiram produtos para suprir estas deficiências: os suplementos alimentares.
Com isso, a INDÚSTRIA DO FITNESS prosperou como nunca. Academias de ginástica, livros, revistas e DVDs “especializados” em dietas e emagrecimento, produtos dietéticos ou LIGHT, suplementos alimentares e produtos energéticos se proliferaram de tal forma que ficou impossível visitar a banca de jornais ou o supermercado e até mesmo assistir televisão sem ter contato com os mesmos.
É claro que a mídia também abraçou estes conceitos, já que boa parte dos anunciantes oferecem justamente produtos e serviços supostamente voltados ao combate da obesidade.Esta massiva campanha influenciou a opinião pública de tal forma, que muitas pessoas se recusam sequer a imaginar que tais informações não correspondam a mais absoluta verdade. Mas será que a tal alimentação LIGHT junto com a prática de exercícios realmente combate a obesidade e nos proporciona mais saúde?
Aguarde a segunda parte deste artigo para saber 🙂